quinta-feira, 3 de março de 2011

A taça que não cessa

Alguns dias são muito difíceis de começar, mas preocupo-me sempre com as noites que não tenho coragem de enfrentar.
Tenho vivido tantos invernos que imaginar uma primavera é um sonho distante, inatingível. Fico tentando me fazer acreditar que há algo que rege o universo por nós, uma espécia de ordem natural que coordena as decisões dos vivos, a relação ação e reação... algo que tenha criado as regras, as leis, a existência. Assim, quem sabe, passe a fazer sentido a dor. Mas quanto mais eu vivo, mais me distancio de tal crença.
Gostaria de ter sido criada dentro de uma cultura sólida de fé... Conformar-se seria mais fácil...

Conformar-se!!! Como se houvesse outra opção... Não escolhi o ambiente que cresci, não escolhi o traumas que passei e menos ainda escolhi os medos que me consomem hoje, mas ainda assim "precisamos levantar a cabeça e agradecer por ter saúde, comida, sanidade..." Que papo hipócrita!!!

Já vi doentes terminais com mais coragem e confiança que eu jamais ousei ter na minha "linda" vida de saúde e "conforto"... se é que minha vida seja propriamente de conforto...

De que nos adianta um teto, um prato de comida quando lhe falta o chão?

Quais males nos são mais prejudicias? do corpo ou da alma?

Quantas qualidades me são necessárias para que meus defeitos sejam relevados, perdoados, ignorados?

Quantos recomeços? Por que tantos deles?

Ninguém quer dividir essa taça, estou embriagada demais para finalizar....(Confortably Numb...)

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